Feira do Livro de Frankfurt debate direitos humanos na China


07-10-2009


Berlim, 7 out (Lusa) - A 60ª edição da Feira do Livro de Frankfurt, um grande acontecimento cultural que reunirá 7.300 expositores de 110 países, incluindo Brasil e Portugal, será palco de debates sobre direitos humanos na China, convidada de honra do evento.O maior evento mundial do gênero, onde 400 mil títulos estarão ao alcance do público e de profissionais do setor, incluindo 120 mil novas edições, acontecerá de 14 a 18 de outubro na cidade alemã, com a presença de milhares de autores nacionais e estrangeiros.A grandeza dos números corresponde à grandeza do convidado de honra, a China, país mais populoso do mundo, que estará na feira com uma embaixada de cerca de dois mil representantes, e promoverá mais de 100 eventos oficiais.Além do programa organizado pelas autoridades chinesas, haverá um número semelhante de atividades paralelas centradas no debate sobre a liberdade de expressão e de reunião na China, e sobre a perseguição a intelectuais chineses e a críticos do regime comunista.“O país convidado é soberano em sua apresentação, mas todos os outros também são soberanos em poder exercer a crítica”, explicou o diretor da feira de Frankfurt, Juergen Boos, em entrevista a jornalistas estrangeiros em Berlim.Em resposta a uma pergunta da Agência Lusa, Boos garantiu ainda que “não serão reprimidos quaisquer atos de protesto” contra o regime chinês durante o evento, “desde que não recorram à violência, às ofensas ou ao incitamento ao ódio racial”.O diretor rebateu as críticas ao convite feito à China e lembrou que a Feira do Livro de Frankfurt é “um espaço de diálogo liberal” em um país democrático, “e não se pode controlar como os Jogos Olímpicos”, que aconteceram há dois anos em Pequim.O responsável máximo do evento negou que o convite tenha sido feito por interesses econômicos, e destacou que houve apenas cerca de 400 traduções de publicações chinesas para o alemão em um ano, número considerado pequeno para as dimensões do país asiático.Quanto à venda de livros de autores estrangeiros na China, “é pouco rentável, mesmo que se transacionem muitos exemplares, devido ao baixo preço do livro”, lembrou Boos.Além do debate sobre as condições políticas na China, a Feira do Livro de Frankfurt será dominada pelo tema da digitalização de conteúdos, já nem tanto para o ebook, como na edição anterior, mas para celulares, que poderão ser o futuro meio de leitura de romances ou livros escolares, por exemplo.Já que tanto os livros como os DVDs e os jogos online dependem dos conteúdos, a feira se tornou, na realidade, uma feira de mídias. Ou seja, mais que a concessão de licenças, o evento foca estas ferramentas.Apesar das rápidas mudanças, o setor de livros e mídias tem conseguido enfrentar a crise econômica. Porém, é possível notar uma contenção, principalmente no que diz respeito às grandes editoras, algumas das quais eliminaram as habituais festas e convidaram menos autores.“É verdade que se tem vendido menos literatura devido à crise, mas simultaneamente as pessoas compraram mais livros de autoajuda, com títulos do gênero 'como tornar-se um gestor', por exemplo”, explicou Boos.

 
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