Iraque: forças de segurança são questionadas após atentados de domingo


BAGDÁ, Iraque, 26 Out 2009 (AFP) - O governador de Bagdá acusou as forças de segurança da cidade de negligência, nesta segunda-feira, um dia depois dos violentos atentados de domingo, chegando a insinuar que pudesse haver uma cumplicidade entre seus membros com os terroristas.
"Foi uma falha humana. Uma câmera instalada no prédio do Ministério da Justiça (alvo do ataque) filmou o atentado suicida. Era um caminhão Renault branco do aqueduto de Fallujah. Como chegou até aqui, passando por todas barreiras?", indagou Salah Abdel Razak, governador da capital iraquiana.
"Os caminhões não são autorizados a entrar na cidade durante o dia, e menos ainda aqui (na zona verde). Foi negligência (dos serviços de segurança), ou talvez o motorista contava com cúmplices. A investigação vai esclarecer isto", destacou Razak, que visitava o local dos ataques nesta segunda.
A cidade sunita de Fallujah, situada 60 quilômetros a oeste de Bagdá, foi durante muito tempo o bastião da insurreição, principalmente de militantes da rede Al-Qaeda.
O segundo atentado, que atingiu o prédio do governo de Bagdá, foi cometido com um ônibus Kia que explodiu. "Pelo menos 12 funcionários morreram, sobretudo guardas", lamentou o governador.
O duplo atentado de domingo causou 99 mortes e mais de 500 feridos. É o pior massacre perpetrado no Iraque nos últimos dois anos. Em 14 de agosto de 2007, quatro atentados contra uma seita religiosa curda mataram 400 pessoas na província de Nínive (norte).
O governador afirmou que "desde a noite de domingo, as medidas de segurança foram revistas, e vamos reforçá-las. Vamos instalar radares móveis e 300 dispositivos de detecção de explosivos. Também vamos ter que fechar algumas vias que levam aos ministérios em Salhiya", no centro de Bagdá.
O mesmo bairro foi palco de um atentado contra o Ministério das Relações Exteriores no dia 19 de agosto.
O general Mohammad al Askari, porta-voz do Ministério da Defesa, informou à AFP sobre a detenção de "várias pessoas envolvidas nos atentados".
"As informações que possuímos confirmam o envolvimento da Al-Qaeda e dos baathistas (simpatizantes do extinto partido de Saddam Hussein) nos ataques de domingo", explicou.
"Revistamos duas casas em dois bairros de Bagdá, e encontramos os produtos químicos usados nos atentados. Vinham de um país vizinho", acrescentou, sem indicar a procedência exata e explicando que o mesmo material foi utilizado no ataque de 19 de agosto.
Nesta segunda-feira, os agentes da Defesa Civil trabalhavam na busca por mais vítimas nos escombros dos prédios atacados.
"Algumas famílias nos dizem não saber o que aconteceu com seus parentes. Nosso dever é encontrá-los", declarou o general Walid Hamis, chefe da Defesa Civil de Bagdá.
"Encontramos mais dois corpos esta manhã. E infelizmente acho que vamos encontrar outras vítimas. Os terroristas escolheram o domingo, pois há muita afluência de pessoas neste dia. Iraquianos de todo o país vêm buscar documentos", explicou à AFP o coronel Khalil Ibrahim, coordenador da segurança no Ministério da Justiça.
No posto de segurança do primeiro andar do prédio, há uma mamadeira manchada de sangue, brinquedos destruídos e camas quebradas.
"Recebemos aqui bebês de até três anos de idade. Tínhamos 16 crianças (na hora do atentado). Seis morreram e dez ficaram feridas. Não sei se ainda estão vivos", relatou o coronel Ibrahim.
O presidente Jalal Talabani (curdo), o primeiro-ministro Nuri al Maliki (xiita) e o presidente do Parlamento Iyad al Samarrai (sunita) devem se reunir nas próximas horas para tomar uma decisão final sobre as emendas à lei eleitoral para enviá-las ao Parlamento, segundo um comunicado da presidência.


Fonte: G1- Portal de Notícias da Globo.

Postado por:Leandro Fróis e Ricardo Amazonas.

 
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