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Julgado num processo paralelo, John Yettaw, veterano da Guerra do Vietname, vai agora cumprir uma pena de sete anos de trabalhos forçados. Durante o julgamento, alegou sempre que a proeza de Maio foi inspirada por um "aviso de Deus" sobre uma plano "terrorista" para assassinar Aung San Suu Kyi. O norte-americano sofre de problemas cardíacos, diabetes e epilepsia e esteve hospitalizado nas últimas semanas.Trajecto político de Aung San Suu Kyi
A líder da Oposição democrática da Birmânia nasceu em Rangum em Junho de 1945. Suu Kyi é filha do general Aung San, herói da independência do país assassinado em 1947, e de Daw Khin, outra figura pública destacada.Aung San Suu Kyi estudou Ciência Política em Nova Deli, na Índia, e filosofia, política e economia na Universidade de Oxford, no Reino Unido. Casou-se em 1972 com o académico britânico Michael Aris. O regresso à Birmânia dá-se em Abril de 1988, numa altura em que o país é atravessado por uma onda de manifestações contra a junta militar. Em Rangum, Suu Kyi assume a liderança da Liga Nacional para a Democracia. Prosseguir o legado do pai é a pedra angular da sua plataforma política. Em Julho de 1989, a junta militar confina Aung San Suu Kyi a prisão domiciliária. Acusada de "representar um perigo para o Estado", a líder da Liga para a Democracia fica impedida de fazer
campanha nas primeiras eleições legislativas organizadas na Birmânia em quase três décadas. Ainda assim, o seu partido conquista 392 dos 485 assentos no Parlamento. A junta ignora o escrutínio. Em 1991, é distinguida com o Prémio Nobel da Paz.
O índice de desenvolvimento humano da ONU mede a expectativa de vida, a alfabetização, a educação e a renda per capita dos países. O ranking do Oriente Médio e Norte da África seria o seguinte (note que acrescentei EUA, Brasil e Argentina como referência), baseado nos números de 2008 - os de 2009 serão publicados daqui dois meses
ESTADOS UNIDOS 15
1. Israel (24 geral)
2. Kuwait (29 geral)
3. Chipre (30 geral)
4. Emirados Árabes Unidos (31 geral)
5. Bahrein (32 geral)
6. Qatar (34 geral)
ARGENTINA 46
7. Líbia (52 geral)
8. Arábia Saudita (55 geral)
BRASIL 70
9. Turquia (76 geral)
10. Líbano (78 geral)
11. Irã (84 geral)
12. Jordânia (90 geral)
13. Tunísia (95 geral)
14. Argélia (100 geral)
15. Síria (105 geral)
16. Territórios Palestinos (106 geral)
17. Egito (116 geral)
18. Marrocos (127 geral)
19. Iêmen (138 geral)
20. Sudão (146 geral)
a) Conforme esperado, Israel está em primeiro lugar, com os países pequenos do golfo Pérsico bem próximos. O Chipre grego-ortodoxo também se posicionou bem, mas, se incluíssem a parte turca, o cenário seria diferente.
b) A Líbia surpreende ao ter um lugar à frente de grandes economias como o Brasil e a Turquia. Pode-se usar o argumento do petróleo, mas a Arábia Saudita tem mais ainda e ficou atrás.
c) Os turcos, como os brasileiros, não estão à frente de países menos desenvolvidos por causa da elevada desigualdade social
d) O Líbano, que superou guerras e ocupações, mantém uma colocação razoável, mas bem distante de sua imagem de país mais ocidentalizado de toda a região. Beirute pode ser mais sofisticada do que qualquer capital do Golfo ou de Israel, mas ainda possui um índice de desenvolvimento humano inferior
e) Enquanto se preocupa em desenvolver um programa nuclear, o governo do Irã parece se esquecer de investir na sua população. Apesar de todo o petróleo, os iranianos sequer conseguiram ficar entre os dez primeiros da região
f) A Jordânia, tão elogiada no Ocidente, está em um medíocre 12o lugar. Uma situação não muito melhor do que a Argélia, que passou por uma guerra civil. Parece que o rei Abdullah não faz um trabalho tão bom
g) O regime de Hosni Mubarak fechou a sua fronteira com Gaza para impedir a entrada de palestinos. Curiosamente, eles iriam de uma região com maior desenvolvimento humano para outra pior. Os egípcios ficaram atrás dos palestinos
h) O Marrocos, com todas as suas atrações turísticas e um dos destinos preferidos ao lado do Egito, está em uma vergonhosa 127o colocação, colocando a monarquia mediterrânea mais próxima dos vizinhos da África do que dos árabes
i) O Sudão, com seu genocídio, e o Yemen, onde praticamente inexiste Estado, estão nas últimas colocações
Será a primeira visita de Mubarak a Washington desde 2003. As relações entre os dois países se deterioraram sob o governo de George W. Bush, que irritou o Cairo com sua pressão pela democratização e melhoria dos direitos humanos no Egito.
Obama, menos estridente na cobrança dessas questões no Egito e no resto do Oriente Médio, tem a retomada do processo de paz entre palestinos e israelenses como uma das suas prioridades diplomáticas.
"A viagem é simbólica do reaquecimento de uma relação que passou por muita tensão durante o mandato do presidente Bush", disse Tamara Cofman Wittes, especialista em Oriente Médio da entidade norte-americana Brookings Institution.
O governo Obama tem estimulado governos árabes moderados a tomar medidas que incentivem Israel a congelar a ampliação dos seus assentamentos em territórios palestinos.
Os países árabes relutam a tomar tais medidas -- o que incluiria autorização para sobrevoo de aviões civis israelenses, fim das restrições a turistas que tenham carimbos israelenses em seus passaportes e permissão para que Israel estabeleça representações diplomáticas nas capitais árabes.
Uma fonte do governo norte-americano disse que Obama e Mubarak manterão uma "discussão robusta acerca do estado das coisas no Oriente Médio".
"Em particular, o presidente irá querer discutir como os Estados árabes podem ajudar a criar um contexto para lançar negociações entre Israel e os palestinos, ao aceitar gestos com relação a Israel no contexto da iniciativa de paz árabe", disse.
Tal iniciativa prevê o reconhecimento árabe da existência de Israel, em troca da desocupação israelense de todos os territórios árabes ocupados em 1967 e uma solução "justa" para a questão dos refugiados palestinos.
Em entrevista à rádio pública norte-americana, Mubarak disse que as negociações entre palestinos e israelenses devem focar num acordo geral de paz, e não apenas na questão dos assentamentos.
"Se Israel resolver o problema entre eles e os palestinos, e os dois Estados forem estabelecidos..., acho que nós (árabes) poderemos ter relações normais com Israel", afirmou.
"Em vez de falar em impedir mais assentamentos, como ouvimos tantas vezes, já há mais de dez anos, e (os assentamentos) nunca param, o que posso dizer é que temos de considerar toda a questão holisticamente, e negociar em cima da resolução final."
Esse será o terceiro encontro em três meses entre Obama e Mubarak. Os anteriores ocorreram em junho, no Cairo, e julho, na Itália.
Obama, de 48 anos, ainda era universitário quando Mubarak, de 81, chegou ao poder, depois do assassinato de Anwar Sadat, em 1981. Analistas dizem que o norte-americano precisa da ajuda do veterano líder árabe para reunir as partes em conflito -- o Egito é um dos poucos países árabes que mantêm relações com Israel.
"É preciso notar que a química pessoal entre o presidente George W. Bush e o presidente Mubarak era péssima. Então acho que há um esforço para deixar isso bem para trás", disse Steven Cook, especialista em Oriente Médio que prepara um livro sobre as relações EUA-Egito.
Os paulistas começaram a perceber agora qual a sensação de ir a um bar ou boate (balada ou discoteca, dependendo a faixa etária) e voltar para a casa à noite sem o cheiro de fumaça.
Mas será que essa moda pega? O governo iraquiano enviou ao Congresso uma lei para banir o cigarro de todos os ambientes fechados e prédios públicos. Não consigo imaginar como será. No mundo árabe, assim como na Espanha e em alguns países europeus, quase todos fumam. Nos táxis,a educação é oferecer o cigarro ao passageiro, e não perguntar se pode fumar. Em Bagdá, não é muito diferente. Aliás, até pior, já que grande parte dos libaneses vive ou viaja para exterior. Outros possuem família em países como EUA, Austrália e Canadá, enquanto não há diáspora de iraquianos, a não ser para a Síria.
Aparentemente, a decisão provém da influência dos americanos. O Iraque tem aprendido muito com as tropas dos EUA. Sendo contra ou a favor da guerra, sabendo de todas as mortes que já ocorreram no país, dá para ver um lado positivo na ocupação americana. O Iraque, depois do Líbano e dos palestinos – e, até certo ponto, do Qatar – está mais próximo da democracia do que seus outros vizinhos árabes. E também adota posturas como a da proibição do cigarro, já que fumantes passivos possuem elevada chance de ter câncer e outras doenças. O cigarro, de acordo com o Ministério da Saúde do Iraque, mata 55 pessoas por dia no país, contra dez em consequência do conflito.
Claro, ainda haverá a questão do narguile. Proíbe também ou não? Na Turquia (que não é árabe), vão proibir. Certamente, a oposição será maior do que no caso do cigarro. Faz parte da cultura da região sentar em uma casa de chá, fumar narguile e jogar gamão. Vamos ver no que dá
Milhões de afegãos foram às urnas nesta quina-feira nas primeiras eleições presidenciais do país desde 2001, em meio a ataques de militantes do Talebã.
Segundo um comandante da polícia militar, os corpos de dois militantes foram recuperados depois de um tiroteio com a polícia em Cabul.
De acordo com a polícia, os dois militantes mortos eram extremistas suicidas - mas não está claro se eles detonaram as bombas ou foram mortos a tiros.
A polícia afirma que outros dois extremistas suicidas foram mortos antes de atingir seu alvo, na província de Paktia.
Na província de Baghlan, norte do país, um chefe da polícia distrital foi morto em um ataque do Talebã contra uma delegacia. Há informações que os choques continuaram, com mortes não confirmadas do lado do Talebã.
Também há informações de pequenos ataques com foguetes em províncias em todo o país.
A milícia Talebã já havia ameaçado atrapalhar as eleições nas quais o presidente Hamid Karzai concorre a um segundo mandato, mas segundo um porta-voz da ONU no país, a grande maioria dos postos de votação estava aberta.
Cerca de 300 mil soldados afegãos e de tropas internacionais foram destacados para garantir a segurança durante a votação.
O grupo de direitos humanos Human Rights Watch divulgou relatório nesta quinta-feira no qual condena o lançamento de foguetes pelo grupo islâmico radical palestino Hamas contra civis em território israelense, o que classifica como "crime de guerra".
"Como autoridade que governa na faixa de Gaza, o Hamas deveria declarar publicamente que renuncia a esses ataques dirigidos contra aglomerações civis israelenses e castigar seus responsáveis, incluindo os membros de seu braço militar", afirma Iain Levine, diretor de programa da HRW e autor do informe.
"O Hamas e outros grupos armados palestinos dispararam nos últimos anos milhares de foguetes contra civis israelenses, centenas deles durante a ofensiva militar israelense de três semanas contra a faixa de Gaza", afirma o relatório.A grande ofensiva israelense lançada contra a faixa de Gaza entre dezembro e janeiro passados foi realizada, segundo o governo israelense, como represália aos ataques de foguetes do Hamas. A operação deixou 1.370 mortes, segundo o Exército Israelense --número que sobre a 1.434, segundo relatório do Centro Palestino de Direitos Humanos. A maioria das vítimas foram civis palestinos.
Segundo a HRW, os foguetes colocaram em perigo cerca de 800 mil pessoas.
"As forças do Hamas violaram as leis da guerra ao disparar deliberada e cegamente contra cidades israelenses a partir de setores habitados por civis em Gaza, expondo assim estes últimos ao perigo de uma resposta israelense", afirma ainda Levine.
O informe destaca o caráter impreciso dos foguetes Quassam fabricados por palestinos ou os Grad da ex-União Soviética disparados pelo Hamas --o que facilitaria a ocorrência de vítimas civis.
O informe recorda, contudo, que as operações do Exército israelense causaram perdas muitos superiores entre os palestinos --"centenas de civis em ataques aéreos, disparos de artilharia, de tanques e outros ataques".
Segundo números da polícia israelense, os foguetes do Hamas mataram 24 israelenses desde 2001. Muitos dos ataques de foguetes atingem áreas remotas do território.
No entanto, enfatiza que "as violações das leis da guerra se contabilizam não em função de vítimas civis constatado, e sim das medidas que as partes em conflito adotaram para protegê-los".
Trata-se do quinto informe da HRW sobre a operação israelense. Nos quatro informes anteriores, a ONG acusou Israel de ter violado as regras do direito internacional que obrigam um beligerante a distinguir entre alvos civis e militares.
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, adiantou neste domingo a composição de seu futuro gabinete, no qual haverá pelo menos duas mulheres. Se aprovadas pelo Parlamento, elas serão as primeiras ministras no país em 30 anos. O presidente tomou posse no último dia 5, após ser reeleito em 12 de junho em primeiro turno, um resultado contestado como fraudulento nas maiores manifestações de rua desde a Revolução Islâmica, em 1979.
Em entrevista à televisão pública, o presidente ultraconservador disse explicou que trabalha "duro" há um mês em seu gabinete e prevê apresentar sua composição definitiva na quarta-feira ao Parlamento para que seja aprovada. Pela Constituição iraniana, a composição do gabinete deve ser aprovada pelo Parlamento, que pediu ao presidente que escolha pessoas com experiência para o próximo governo.
Ahmadinejad revelou que o parlamentar Fatemeh Ajorlu é sua opção para dirigir o Ministério de Bem-estar e Seguridade Social, e a ex-deputada Marzieh Vahid Dastgerdi liderará o Ministério da Saúde.
Ele também deixou em aberto a possibilidade de que uma terceira mulher possa fazer parte do novo Executivo.
As Forças de Defesa de Israel iniciaram no último dia 27 de dezembro uma ofensiva contra a faixa de Gaza, território palestino com 1,5 milhão de habitantes dominado pelo grupo radical islâmico Hamas. O objetivo declarado da operação é eliminar a capacidade do Hamas de atacar as cidades israelenses próximas à fronteira.
Os bombardeios começaram oito dias depois do fim de uma trégua de seis meses mediada pelo Egito, que não foi renovada em meio a acusações mútuas de desrespeito aos termos do acordo.
Veja abaixo um guia para entender o conflito:
Por que a trégua entre Israel e o Hamas fracassou?
A trégua foi acertada em junho de 2008, mediada pelo Egito. Nenhum dos lados cumpriu estritamente seus termos. Foguetes continuaram a ser lançados de Gaza, de forma bem mais esporádica, e Israel não liberou o fluxo de mercadorias para a região, sob bloqueio econômico e físico israelense desde meados de 2007.
A tensão recrudesceu depois de 4 de novembro, dia da eleição nos Estados Unidos, quando Israel bombardeou túnel em Gaza que supostamente seria usado pelo Hamas para sequestrar soldados, matando seis militantes do grupo.
A partir de 19 de dezembro, quando terminou o acordo de trégua, o Hamas redobrou o lançamento de foguetes contra o sul de Israel.
Qual é a situação de Gaza?
O território, sob controle egício entre 1948 e 1967, foi ocupado por Israel há 41 anos. A maioria dos 1,5 milhão de habitantes do território vem de famílias de refugiados do que é hoje o Estado de Israel.
Os refugiados foram expulsos durante a primeira guerra árabe-israelense, depois que os árabes rejeitaram a partilha da Palestina, determinada em 1947 pela ONU. Pela partilha, o Estado de Israel ficaria com cerca de 55% do território, e a maioria árabe da região, com o restante. Com a guerra de 1948, Israel passou a ocupar 75% da Palestina. Antes da partilha, a Palestina esteve sob mandato do Reino Unido, que passou ao controle da região após o fim do Império Otomano, na Primeira Guerra Mundial.
Em 2005, Israel retirou seus colonos e tropas de Gaza, mas manteve o controle das fronteiras terrestres e marítimas. Em 2007, depois que o grupo islâmico Hamas expulsou de Gaza os rivais do partido secular Fatah, Israel e Egito impuseram um bloqueio econômico à região.
Por que o Hamas controla Gaza?
O grupo islâmico, contrário aos acordos entre Israel e as lideranças do partido secular palestino Fatah, venceu as eleições legislativas de 2006 em Gaza e na Cisjordânia.
A Cisjordânia está sob ocupação israelense desde 1967, com autonomia limitada exercida pela Autoridade Nacional Palestina (ANP), criada após os Acordos de Oslo com Israel, em 1993.
A eleição de 2006 dividiu a liderança palestina. O Hamas assumiu a chefia do gabinete, mas a Presidência da ANP continuou nas mãos de Mahmoud Abbas, do Fatah, cujo mandato terminou na sexta-feira, dia 9 de janeiro.
O gabinete dirigido pelo Hamas foi boicotado por Israel e as potências ocidentais. Abbas se recusou a ceder ao Hamas o comando das forças de segurança. A crise política resultou em conflito armado que levou à expulsão do Fatah de Gaza. Diálogo para um governo de união nacional, mediado por Qatar, fracassou sob pressão dos EUA.
Atualmente, há 11 mil palestinos presos em Israel, boa parte originária do Hamas, entre eles parlamentares eleitos em 2006 e que, em tese, mantêm o mandato. Não foram convocadas novas eleições palestinas, mas a Autoridade Nacional Palestina nomeou um novo gabinete para substituir o formado pelo Hamas, que na prática tem voz apenas na Cisjordânia.
Por que Israel decidiu atacar neste momento?
Há várias explicações. Oficialmente, o país visa enfraquecer a capacidade militar do Hamas. Mas há líderes israelenses que pregam a destruição do grupo ou a derrubada do seu governo em Gaza --o que pode ser o objetivo da invasão iniciada no dia 3 de janeiro. Analistas apontam pelo menos mais três razões para o ataque:
1) A proximidade das eleições gerais de 10 de fevereiro em Israel, na qual a atual coalizão de governo, de centro-direita, vinha sendo ameaçada pela ascensão da extrema direita, que defendia uma ofensiva dura contra o Hamas.
2) A decisão do país de restabelecer seu poder de dissuasão, ameaçado pelo fracasso da guerra de 2006 contra o grupo xiita libanês Hizbollah. Tanto o Hizbollah quanto o Hamas, em menor grau, têm apoio do Irã, que Israel vê como seu principal inimigo.
3) A proximidade da posse de Obama nos EUA. Obama vinha sendo instado a pressionar Israel a um acordo para a criação do Estado palestino em Gaza e na Cisjordânia, objetivo de negociações que se arrastam há 15 anos. Ao atacar o Hamas, Israel pretenderia continuar a impor seu ritmo às negociações. Teria o objetivo também de radicalizar a posição do Irã, esvaziando, por antecipação, as negociações entre Obama e Teerã sobre o programa nuclear iraniano.
O que quer o Hamas?
O Hamas, inspirado na Irmandade Muçulmana egípcia, é misto de milícia, partido e instituição de caridade. A carta fundadora do grupo prega a destruição de Israel e o estabelecimento de um Estado islâmico na Palestina histórica. A criação do grupo foi estimulada nos anos 80 em Israel, que via nele uma forma de minar a liderança da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), dominada pelo Fatah do falecido líder nacionalista Iasser Arafat. Nos anos 90 e início desta década, o Hamas promoveu dezenas de atentados terroristas em Israel.
Desde que aderiram à política formal, nas eleições palestinas de 2006, os dirigentes do Hamas têm sido dúbios. Uma oferta de "trégua prolongada" em 2007 foi vista como reconhecimento implícito de Israel. Há dúvidas sobre se, ao pressionar pela renegociação em termos mais favoráveis da trégua, o grupo esperava retaliação maciça.
Qual é a perspectiva agora?
Israel ignorou resolução de cessar-fogo aprovada na quinta-feira pelo Conselho de Segurança da ONU. A abstenção dos EUA, maior aliado e fornecedor de armas para Israel, enfraqueceu a resolução _apesar de ela ser mandatória.
Porta-vozes do Hamas também rejeitaram a proposta, afirmando não ter sido consultados. O Egito negocia uma proposta de cessar-fogo permanente, mas será difícil atender às exigências dos dois lados. Israel quer uma força internacional na fronteira entre Gaza e o Egito para impedir que o Hamas se rearme. O Hamas quer a reabertura das fronteiras entre Gaza, Israel e o Egito.
Qual a posição dos países árabes no conflito?
Os governos árabes têm posição dúbia. Eles apoiam o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, contra o Hamas, temendo a influência do grupo sobre radicais em seus países. Mas sofrem pressão popular para reagir a Israel. A situação do Egito é especialmente difícil, pois o país também teme que o governo israelense jogue o problema da faixa de Gaza sobre ele, voltando à situação anterior a 1967.
Dos países árabes, apenas Jordânia e o Egito têm relações diplomáticas com o Israel. Ambos, assim como a Arábia Saudita, temem o fortalecimento do Irã (que é muçulmano, mas não árabe) no Oriente Médio.
Em 2002, a Liga Árabe lançou uma Iniciativa de Paz propondo o reconhecimento de Israel em troca da retirada israelense de todos os territórios ocupados na Guerra dos Seis Dias, em 1967, incluindo Gaza, Cisjordânia, Jerusalém Oriental (árabe) e as colinas de Golã, que pertencem à Síria. Israel não deu resposta afirmativa à proposta, vista por muitos especialistas israelenses como uma oportunidade de iniciar negociações para a normalização das relações do país com os vizinhos.
O Irã (que não é árabe, mas persa e de maioria xiita) tem vínculos com o Hamas, um grupo sunita, mas analistas apontam que eles são mais frágeis do que os laços iranianos com os xiitas do grupo libanês Hizbollah.
A economia e a política nem sempre andam juntas. Basta ver o Oriente Médio. Países sinônimos de conflito, como Israel e Líbano, estão bem. Outros, que jamais se envolveram em grandes guerras, como os Emirados Árabes, não conseguiram evitar reflexos da crise econômica internacional.
Os libaneses escaparam pela tradição conservadora do seu sistema bancário. Jamais concederiam empréstimos como bancos de outras partes do mundo. As remessas do exterior, apesar de uma pequena redução, continuam elevadas. Como disseram a mim dois professores da Lebanese American University, “há pessoas trabalhando pelo Líbano em quase todas as atividades profissionais em várias partes do mundo”. São os libaneses da diáspora. Claro, alguns que trabalhavam em Dubai e outras metrópoles do golfo perderam o emprego. Mas a queda não foi suficiente para afetar a impressionante estabilidade da Lira Libanesa. Israel vence também por seu bem organizado sistema financeiro e uma avançada economia, especialmente na área de tecnologia.
Já Dubai viu uma quebra no seu setor imobiliário, com paralisação de obras, e foi salva apenas porque o irmão mais sério e conservador Abu Dhabi entrou em ação. Abu Dhabi que investe bem o seu dinheiro em um fundo soberano, apesar das perdas registradas neste ano. Economistas do Oriente Médio afirmam que o pior, na atual crise, não foi a queda nos preços do petróleo. Se fosse, lembram, Abu Dhabi seria mais afetada do que Dubai, que hoje possui uma economia mais diversificada.
E a Justiça...
Agora, mudando de assunto, Israel dá mostras de que tem leis e as impõe, custe o que custar, e as aplica a quem quer que seja, independentemente da religião. É o que vemos agora durante o levante de judeus ultra-ortodoxos contrário à detenção de uma mulher acusada tratar mal o filho de três anos.
No Egito, recentemente, vimos a prisão de um milionário que ordenou o assassinato de sua amante libanesa. Caso raro e não dá para saber se o regime de Hosni Mubarak aplicará a mesma justiça para todos.
Falando nisso, me recordei que, no Líbano, guardas, muitas vezes, não param carros caros. Eles têm medo que os proprietários sejam pessoas importantes e isso custe os seus empregos. Como algumas partes do Brasil até hoje
Quase todos os dias chegam até nós várias notícias sobre a guerra no Oriente Médio, e há muito tempo o mundo acompanha esse conflito cercado de revolta, radicalismo e tensão. É uma questão muito complexa e mesmo quem não conhece a história já imagina que não é um problema fácil de ser resolvido. Para entender um pouco melhor este confronto que chama a atenção do mundo todo e ocupa os nossos noticiários, colocamos à disposição esta matéria exibida no Jornal Nacional da Rede Globo, que resume alguns dos acontecimentos mais importantes nesta região nas últimas 6 décadas.