TAILÂNDIA NEGA EXTRADIÇÃO DE MERCADOR DA MORTE AOS EUA


11/08/2009 - 10h03
Tailândia nega extradição de Mercador da Morte aos EUA

colaboração para a Folha Online
Um tribunal da Tailândia rejeitou nesta terça-feira a extradição do russo Viktor Bout, conhecido como Mercador da Morte, para os Estados Unidos, onde ele deveria ser julgado pela acusação de traficar armas para rebeldes colombianos.
Os EUA argumentavam que Bout supostamente participou de uma conspiração para vender, por uma quantia milionária, armas que a guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) poderia usar para matar norte-americanos.
Efe
Viktor Bout (centro), um dos maiores traficantes de armas do mundo, em foto tirada quando foi preso em Bancoc, na Tailândia
"As acusações dos EUA não são aplicáveis sob a lei tailandesa. Trata-se de um caso político", disse o juiz Jittakorn Wattanasin no veredicto da Corte Criminal de Bancoc.
"As Farc lutam por uma causa política e não são uma quadrilha criminosa. A Tailândia não reconhece as Farc como grupo terrorista."
Bout foi preso numa operação conjunta EUA-Tailândia em março de 2008, num hotel de Bancoc, quando chegava de Moscou.
Vestido com um desbotado traje laranja de prisioneiro, Bout, 42, sorriu quando o juiz leu a sentença e fez com os dedos um 'V' de vitória ao deixar o tribunal. Os promotores têm 72 horas para recorrer.
O chefe adjunto da missão diplomática americana, James F. Entwistle, disse estar "desapontado confuso pela decisão do tribunal inferior". "Acreditamos que os fatos, a legislação tailandesa relevante, e os termos do tratado bilateral de extradição claramente apoiam a extradição de Viktor Bout aos EUA para enfrentar julgamento por sérias acusações de terrorismo", disse.
Já Andrey V. Dvornikov, funcionário da embaixada russa, disse que Moscou estava "satisfeito" com a decisão do tribunal, mas que Bout ainda não está livre. "Esse caso estará encerrado quando o senhor Bout estiver em casa", afirmou.
Bout
O ex-piloto e agente da KGB, o serviço secreto soviético, afirma ser um honrado empresário, fala seis idiomas e é conhecido por oito nomes diferentes.
O personagem interpretado por Nicolas Cage no filme "O Senhor das Armas" (2005) foi vagamente inspirado em Bout, que nasceu no Tadjiquistão.
Ele nega envolvimento no tráfico ilegal de armas e alega que estava envolvido apenas no transporte das cargas.
Há um ano e meio ele é mantido em uma prisão de segurança máxima da capital tailandesa, na qual assegura ter sido tratado "pior que em Guantánamo".
Segundo os serviços de inteligência ocidentais, o suposto traficante aproveitou o fim da União Soviética para comprar de generais corruptos e a baixo preços, arsenais inteiros na Bulgária, Moldova ou Ucrânia, para vendê-los a regiões de conflito, principalmente à África.
O Mercador da Morte se transformou no principal provedor de armas para as guerras em Serra Leoa, Angola e República Democrática do Congo.
A organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional afirma que ele chegou a operar uma frota de mais de 50 aviões que transportavam armas por todo o continente africano, onde conseguiu até mesmo evitar um embargo internacional para fazer negócios com Charles Taylor, ex-presidente da Libéria e notório "senhor da guerra", que atualmente está sendo julgado em Haia por crimes de guerra.

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